segunda-feira, 18 de maio de 2009

Quem foi meu " Monteiro Lobato"

Rozeane, 18/05/09. Belém-Pará- Brasil.



Meus pais , apesar de lerem de forma funcional, nunca frequentaram a escola. Portanto eu cresci num lar extramamente pobre em relação a materiais literários. Minhas leituras de infância limitavam-se aos livros didáticos que recebia na escola primária. O dia de entrega dos livros de português era o melhor dia do ano paramim. Chegava em casa e corria a folheá-lo. Lia as histórias de todas as unidades, que seriam trabalhadas durante o ano. Lembro da primeira fábula que li : a raposa e o corvo. Me encantei!!!!
Não parei nunca mais. Meu primeiro livro literário se chamava O primeiro beijo , e eu tinha uns 10 anos e lia secretamente com medo que os meus pais, religiosos como o eram, me flagrassem
lendo aquela " pornografia". Hoje me recordo com saudades aqueles tempos escassos de ter o que ler. Mas isto não me fez aversa à leitura, ao contrário me impulsionou a correr pelas páginas e a devorá-las de maneira deliciosa.
Este ato de rememorar instigou minha curiosidade: Que barreiras você encontrou para se constituir enquanto leitor?

3 comentários:

  1. Clarice Lispector?
    Tua Monteiro Lobato é muito chic! Ela nos fala algo sobre nós, esse mundinho particular, acerca dessa nossa intimidade poética de viver, quando transpiramos Vida! Para ela: "quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós". Enamorar-se é saber viver sempre, grande sabedoria que nos faz ter um oásis, um cantinho muito especial no cotidiano, mesmo quando envoltos no caos. Talvez esse segredo te ajudou a viver às escondidas e desfrutar sem culpas.
    A poesia - precisamos dela para viver.
    Boa formação! Em sua curiosisadade e persistência te fez assim habilidosa e tenaz!
    Parabéns!

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  2. Bom, a sua história com a literatura é bem parecida com a minha. Vivia a esperar a entrega dos livros didáticos e quando os tinha em mãos não hesitava em folheá-los e ler todas as tirinhas que encontrava, se bem que na maioria das vezes eu não entendia o significado.
    Passei, basicamente toda minha infância no interior do estado do Pará em uma cidadezinha chamada Nova Timboteua.Morar no interior é algo mágico e como viver em um conto de fadas. E por isso creio que essa, talvez, tenha sido uma "barreira" para minha formação como leitora, a barreira mais divertida do mundo. Eu vivia a brincar com meus amigos e o que era mais divertido é que construia-mos nossos briquedos, nosso mundo de faz de conta e vivia-mos em contado com a natureza. Com isso não encontrava tempo para ler, se bem que eu também não tinha livros!essa sim é uma barreira cruel...

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  3. Olá Roze e Juciléia,
    A dificuldade na questão das opções disponíveis no meio é talvez a maior barreira, pois, a crianças seguem as referências dele, mas, nem por isso não deixam de ser divertidas, instrutivas e por isso mesmas benéficas. Os hábitos adquiridos vão avaliando outros hábitos de diferentes famílias e culturas, e é nessa diversidade que enriquecemos nosso conhecimento. A cultura é diversificada, múltipla, complexa e importante, o olhar crítico e a valorização do que acumulamos anteriormente ressignificam com cuidado o que vem de novo e o que já conhecíamos. Todos saem ganhando quando se aprende a respeitar os saberes e não só a valorizar o conhecimento científico. Se a leitura não fez parte de seu cotidiano não é motivo para aprender a gostar ou lamentar pelo fato, mas, a dizer de outras formas de linguagem que habitaram o seu mundo. Por que competir? Não são concorrentes mas complementares, ok?

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